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Mafalda: a genialidade da crítica.

mafalda

Durante todo o dia pipocaram na internet homenagens pelo aniversário de um dos maiores ícones dos quadrinhos: Mafalda, a inconfundível menina de cabelos volumosos e sempre adornados por um tope, que não tem papas na língua para falar de assuntos sérios como política, violência e economia.

Trabalho do cartunista Argentino Joaquín Salvador Lavado, o Quino, Mafalda foi originalmente criada para uma campanha publicitária que nunca foi veiculada, em 15 de março de 1962. Porém, o autor considera sua criação oficial em setembro de 1964, data da publicação da primeira história. A partir daí, se tornou conhecida internacionalmente como um dos quadrinhos mais socialmente engajados já feitos. Falando sobre as mazelas do mundo adulto a partir da inocência das crianças, as histórias de Quino sempre denunciaram os problemas e as contradições de diversos segmentos da sociedade, inclusive, e com bastante frequência, questões ligadas à comunicação, as quais poucos personagens de HQ’s conseguem ter densidade para tecer críticas sem cair no lugar-comum de sempre.

Durante os 10 anos em que foram produzidas, as histórias da Mafalda e sua turma assumiram posições sempre críticas e que se mantém atuais. Desde a Mafalda jornalista, denunciando a falta de conteúdo e a prostituição dos meios de comunicação de massa; passando pela Mafalda publicitária, anunciando a idiotização e o engodo da propaganda, até a Mafalda relações públicas, sempre dura em suas observações a cerca das aparências e do status quo das relações.
Em uma entrevista para a Folha de São Paulo, Quino disse que parou de desenhar “porque parecia que estava dizendo desde sempre que o mundo ia mal. E me parecia que tinha que parar para pensar e ver se achava argumentos diferentes”. Infelizmente, a perenidade de quadrinhos como Mafalda se deve justamente ao eterno movimento de repetição das coisas que fazem o mundo ir mal, e é por isso que ela e sua turminha são tão necessários em tempos como os atuais: para cutucar as feridas, para manter a vigilância sutil e sagaz que só o humor bem feito é capaz.

Em uma época na qual o humor foi de ferramenta de crítica social para fomentador de preconceitos, Mafalda e sua turma são uma referência obrigatória para os que acreditam que a arte pode ser uma valiosa ferramenta de mudança social. Mesmo que Quino não reconheça o dia de hoje como aniversário da personagem, Mafalda merece os parabéns pelos 10 anos em que buscou fazer a diferença! Parabéns, Mafalda!